No dia 29 de setembro, a equipe do PIBID-Padre Palmeira,
turno vespertino, composta pelos bolsistas Alissan, Larissa e Miguel,
realizaram a primeira atividade com a turma do 2ºD. A pretensão era a de
ressaltar a importância do regime democrático, estabelecendo um paralelo com o
regime autoritário. O caminho trilhado para chegar-se ao objetivo pretendido
foi artístico e dinâmico. Para isso, elaboramos a atividade propondo negação de
direitos que são considerados fundamentais na democracia moderna.
Essa atividade teve como um dos princípios básicos,
ressaltar a relevância que o direito de liberdade de expressão possui para a
consolidação das democracias contemporâneas, assim como a liberdade de
associação e de segurança jurídica. Na opinião de Robert Dahl (2012) e Norberto
Bobbio (1986), a possibilidade de contestação, assim como a de participação na
escolha dos governos, é um aspecto fundamental não apenas para a democracia,
mas também para que a grupos diversos da sociedade tivessem a possibilidade de
participar da vida política e assim garantir seu posicionamento dentro do
debate social.
Os bolsistas iniciaram a atividade explicando um pouco sobre
a mesma, em seguida, dividiram a turma em duas equipes, e distribuíram letras de
canções com temáticas de cunho político social, as músicas utilizadas foram: Eu protesto, interpretada pela banda
Charlie Brown Jr. e Que país é esse?,
interpretada pela banda Legião Urbana, cada grupo pôde discutir a respeito dos
temas contidos nas letras. No segundo momento, os alunos foram avisados de que
iria acontecer à simulação de um festival de música e poesia na sala, eles
deveriam utilizar as músicas dadas para tal. Os bolsistas atuaram como jurados
censuradores no festival simulado, fazendo intervenções durante as
apresentações dos grupos, agindo como censores do regime autoritário.
A
primeira apresentação foi da música “Que país é esse?”, os estudantes cantaram
a música e desenharam a bandeira do Brasil. As bolsistas interromperam a
apresentação e questionaram a letra da música, afirmando que a letra não
condizia com a realidade. Não demorou muito para que os estudantes começassem a
contestar as juradas censuradoras, e com isso foram aplicadas punições como
colocar os estudantes no canto da sala e sem direito a fala.
Na segunda apresentação, os estudantes declamaram a música
“Eu Protesto” e as juradas censuradoras também interromperam e questionaram a
letra da música, tentando impor que a letra não fizesse uma crítica ao país,
questionando os estudantes sobre o posicionamento deles e mostrando de forma
autoritária que o que as juradas falavam sobre a situação do país era a visão
correta. Nesse grupo, um dos estudantes concordou em partes, com o que as
juradas estavam argumentando, sendo “recompensado” pela sua posição
colaborativa e sendo convidado para sentar-se como jurado também.
Finalizando a atividade, os bolsistas e a turma debateram
sobre as proximidades entre a proposta da atividade e a censura que ocorreu no
país, sobretudo no universo artístico, durante a ditadura militar, bem como a
retirada de liberdades fundamentais, como a contestação pública e a liberdade
de expressão, é algo comum nos regimes autoritários. Também foi ressaltada a
importância do regime democrático além de problematizar os pedidos de alguns
brasileiros do retorno da ditadura militar.
Durante
as apresentações, foi possível perceber que a turma se mostrava visivelmente
incomodada com os atos proibitivos dos bolsistas, e que à exceção de um
posicionamento relativamente passivo, os estudantes se mostraram contra a
“censura” e críticos em relação ao discurso ideológico proposto, de forma
intencional, pela equipe do Pibid.
Em suma, os estudantes participaram da atividade e
contribuíram bastante para que os objetivos pretendidos pelos bolsistas fossem
alcançados. Mesmo com alguns problemas técnicos (interruptor de energia
desligado; falta de um cabo para conectar as músicas que estavam no celular
para caixa de som), que causaram um atraso para o início da atividade, conseguimos
encerrar a atividade dentro do período da aula.
Referências:
· DAHL, Robert A. A democracia e seus críticos. São Paulo: Martins Fontes, 2012.
· BOBBIO, Norberto. O futuro da democracia: uma defesa das regras do jogo /Norberto
Bobbio; tradução de Marco Aurélio Nogueira. — Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1986.