7 de out. de 2015

Postado por PIBID Sociologia UFBA
| quarta-feira, outubro 07, 2015
No dia 29 de setembro, a equipe do PIBID-Padre Palmeira, turno vespertino, composta pelos bolsistas Alissan, Larissa e Miguel, realizaram a primeira atividade com a turma do 2ºD. A pretensão era a de ressaltar a importância do regime democrático, estabelecendo um paralelo com o regime autoritário. O caminho trilhado para chegar-se ao objetivo pretendido foi artístico e dinâmico. Para isso, elaboramos a atividade propondo negação de direitos que são considerados fundamentais na democracia moderna.
            Essa atividade teve como um dos princípios básicos, ressaltar a relevância que o direito de liberdade de expressão possui para a consolidação das democracias contemporâneas, assim como a liberdade de associação e de segurança jurídica. Na opinião de Robert Dahl (2012) e Norberto Bobbio (1986), a possibilidade de contestação, assim como a de participação na escolha dos governos, é um aspecto fundamental não apenas para a democracia, mas também para que a grupos diversos da sociedade tivessem a possibilidade de participar da vida política e assim garantir seu posicionamento dentro do debate social.
Os bolsistas iniciaram a atividade explicando um pouco sobre a mesma, em seguida, dividiram a turma em duas equipes, e distribuíram letras de canções com temáticas de cunho político social, as músicas utilizadas foram: Eu protesto, interpretada pela banda Charlie Brown Jr. e Que país é esse?, interpretada pela banda Legião Urbana, cada grupo pôde discutir a respeito dos temas contidos nas letras. No segundo momento, os alunos foram avisados de que iria acontecer à simulação de um festival de música e poesia na sala, eles deveriam utilizar as músicas dadas para tal. Os bolsistas atuaram como jurados censuradores no festival simulado, fazendo intervenções durante as apresentações dos grupos, agindo como censores do regime autoritário.


            A primeira apresentação foi da música “Que país é esse?”, os estudantes cantaram a música e desenharam a bandeira do Brasil. As bolsistas interromperam a apresentação e questionaram a letra da música, afirmando que a letra não condizia com a realidade. Não demorou muito para que os estudantes começassem a contestar as juradas censuradoras, e com isso foram aplicadas punições como colocar os estudantes no canto da sala e sem direito a fala.
Na segunda apresentação, os estudantes declamaram a música “Eu Protesto” e as juradas censuradoras também interromperam e questionaram a letra da música, tentando impor que a letra não fizesse uma crítica ao país, questionando os estudantes sobre o posicionamento deles e mostrando de forma autoritária que o que as juradas falavam sobre a situação do país era a visão correta. Nesse grupo, um dos estudantes concordou em partes, com o que as juradas estavam argumentando, sendo “recompensado” pela sua posição colaborativa e sendo convidado para sentar-se como jurado também.
Finalizando a atividade, os bolsistas e a turma debateram sobre as proximidades entre a proposta da atividade e a censura que ocorreu no país, sobretudo no universo artístico, durante a ditadura militar, bem como a retirada de liberdades fundamentais, como a contestação pública e a liberdade de expressão, é algo comum nos regimes autoritários. Também foi ressaltada a importância do regime democrático além de problematizar os pedidos de alguns brasileiros do retorno da ditadura militar.
      Durante as apresentações, foi possível perceber que a turma se mostrava visivelmente incomodada com os atos proibitivos dos bolsistas, e que à exceção de um posicionamento relativamente passivo, os estudantes se mostraram contra a “censura” e críticos em relação ao discurso ideológico proposto, de forma intencional, pela equipe do Pibid.
Em suma, os estudantes participaram da atividade e contribuíram bastante para que os objetivos pretendidos pelos bolsistas fossem alcançados. Mesmo com alguns problemas técnicos (interruptor de energia desligado; falta de um cabo para conectar as músicas que estavam no celular para caixa de som), que causaram um atraso para o início da atividade, conseguimos encerrar a atividade dentro do período da aula.

Referências:

·     DAHL, Robert A. A democracia e seus críticos. São Paulo: Martins Fontes, 2012.
·    BOBBIO, Norberto. O futuro da democracia: uma defesa das regras do jogo /Norberto Bobbio; tradução de Marco Aurélio Nogueira. — Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986.