Por Barbara Carolina
Rithiane Almeida
Mariana Bittencourt
Assim, o PIBID de Sociologia no Duque de Caxias, ao trabalhar com a segunda série do Ensino Médio propôs como temática de sua segunda intervenção As relações de poder no cotidiano, compreendendo a necessidade de se propor para os estudantes uma reflexão sobre estar no mundo e na sua realidade enquanto cidadãos.
A proposta de intervenção esteve assentada no conteúdo das Formas de Poder, onde este seria explorado a partir de um instrumento didático que seriam as charges, onde as mesmas se identificariam com as formas de poder que os teóricos da Sociologia e da Política colocam como principais e as suas respectivas características. A atividade foi realizada pelo trio composto pelos bolsistas Rithiane Almeida, Fred Solón e Zósimo Ferreira.
A proposta se dá:
“Acho que a ideia de trabalhar com imagens é bastante interessante, por que para além de trazer formas de arte para a sala de aula e ser um elemento mais lúdico, dinamizando a aula, exercita a interpretação dos estudantes”. (Rithiane Almeida, Licencianda em Ciências Sociais)
As charges são uma forma de leitura diferenciada, na qual a imagem chega muito mais rápido como um modo de comunicar a informação, para que desse modo os estudantes sejam estimulados a conectar o aparato teórico da disciplina que são as formas de poder e suas características. Fica a competência dos bolsistas de uma forma dinâmica elucidar as diferenças das formas de poder existentes nas diversas sociedades de acordo com o momento sócio-histórico vivido por sua sociedade.
Os teóricos clássicos da Sociologia a exemplo de Max Weber evidencia que, “ poder é toda chance, seja ela qual for, de impor a própria vontade numa relação social, mesmo contra a relutância dos outros.” Deste modo após apresentar as diferentes formas de poder como é apresentada por Noberto Bobbio enquanto a vertente econômica, ideológica e política. Os estudantes entraram em contato com as principais formas de Estado e foram movidos a compreender com o uso das charges a sua compreensão.
Entretanto, os bolsistas se depararam com uma falha didática. Como colocado acima, para a facilitação do conteúdo pedagógico deveria existir a presença física do uso das charges. Porém a falta de comunicação entre os bolsistas fez com que tivessem que replanejar e improvisar os caminhos para o trabalho didático com a ausência da impressão das charges para o uso em sala de aula.
“De qualquer modo, era a primeira intervenção do trio, em uma intervenção que estava aparentemente frustrada. Devido a nossa falta de conexão foi complicado elaborar um "plano B" , dado que Zósimo havia me falado que tinha as charges no celular, e depois disse que não tinha... Optei sem comunicá-los diretamente (o que fiz na segunda intervenção) alongar a explanação e mediante a ideia de Mariana que ocorreu após a explanação, eles deveriam que se reunir em equipes e sintetizar o que entenderam, da maneira que lhes apetecesse: fosse teatralizando, fosse com um texto, um jogral, ou buscando alguma imagem na internet.” (Rithiane Almeida, Licencianda em Ciências Sociais)
O trabalho pedagógico deve levar em conta que o planejamento é flexível e que o educador deve estar sempre preparado para uma nova estratégia se o planejamento inicial é burlado. O trabalho com a disciplina de Sociologia não foge desse aspecto. Ainda mais tendo como pressuposto que os estudantes já carregam consigo conhecimento de mundo, fazendo com que o trabalho do professor seja orientá-lo segundo a teoria clássica sociológica.
Dessa intervenção um aspecto pedagógico relevante se tornou evidente: as relações professor-aluno. Ao se tratar de relações de poder, pôde ser observado no interior da sala de aula a partir de um elemento aparentemente cotidiano, como fazer com que os estudantes acalmem seu alvoroço e as várias bolinhas de papel- muitas vezes manifestação simbólica de não aceitação - “batendo o apagador no quadro”. Esse fato gerou entre os bolsistas uma discussão sobre a postura do educador em sala de aula.
“Muito a pensar, muito a aprender com essa intervenção falha. Não é possível acertar sempre, mas é muito oportuno aprender com os erros.” ( Rithiane Almeida, Licencianda em Ciências Sociais )
Tais atitudes de fato representaram o que naquela realidade específica: falta ou excesso de autoridade? Insegurança devido ao material didático não ter sido utilizado? Repensar as praticas para uma pedagogia mais crítica?
“O conhecimento de estratégias de ensino e o desenvolvimento de suas próprias competências de pensar, além da abertura, em suas aulas, para a reflexão dos problemas sociais, possibilitando aulas mais democráticas, através de um saber emancipador. Pois, apropriar-se criticamente da realidade significa contextualizar um determinado tema de estudo, compreendendo suas ligações com a prática vivenciada pela humanidade.”(LIBÂNEO, 1998, p. 42).
Creio que a partir da frase acima pode-se inferir que o trabalho pedagógico é uma tarefa permanente. Deve-se estar atentos sempre aos sinais e as falhas como uma forma de aprendizado. Somos educadores pensando em uma finalidade formadora e transformadora de cidadãos mais críticos. Deste modo seria incoerente trabalhar com a temática das relações de poder, acontecer uma falta de traquejo pedagógica ao que toca as relações de poder e não legar aos nossos pares a necessidade de pensar as praticas ao que tange a perspectiva de poder.
Referências:
BOBBIO, Noberto. Teoria das formas de Governo. Brasília:Universidade de Brasília, 1980.
LIBÂNEO, José Carlos. Adeus professor, adeus professora? Novas exigências educacionais e profissão docente. São Paulo: Cortez, 1998
WEBER, Max. Economia e Sociedade. Brasília: Universidade de Brasília. São Paulo: Imprensa Oficial de São Paulo, 1999.