10 de nov. de 2015

Postado por PIBID Sociologia UFBA
| terça-feira, novembro 10, 2015
A qualidade e os métodos utilizados pela educação brasileira têm sido duramente criticados tanto pelos autores como por aqueles que fazem parte do ambiente escolar, pelo fato da mesma ainda fazer uso de um método tradicionalista no qual o educando não é ouvido e o educador é visto como o grande detentor do conhecimento. Esses críticos propõem o abandono dessa forma de ensino em prol de outra que leve em consideração a realidade, o conhecimento e as opiniões dos educandos.

Paulo Freire na sua obra “Pedagogia da Autonomia” declara que “Não há docência sem discência, as duas se explicam e seus sujeitos apesar das diferenças que os conotam, não se reduzem a condição de objeto, um do outro” (2007, p.23), deixando claro que esse modelo ainda utilizado na educação brasileira não é mais viável porque nele o aluno se torna um objeto a ser preenchido com conhecimento pelo professor.

A chave para a superação desse modelo está exatamente em trazer para a sala de aula a visão de mundo e as experiências vividas pelo educando como forma de contribuir para a pratica do educador. Compreendendo que o primeiro também é dotado de conhecimento assim como o segundo e que nessa perspectiva o conteúdo deve ser discutido e construído por ambos os lados, possibilitando assim a clareza de entender mundos diferentes e até conceitos diferentes para um mesmo proposito.
Nas atividades realizadas pelo PIBID Sociologia da Universidade Federal da Bahia no Colégio Estadual Duque de Caxias (Salvador/BA) procuramos sempre abrir espaço para que o estudante possa expressar o seu ponto de vista a cerca do que está sendo discutido em sala de aula. Pratica que tem trazido benefícios para todos os envolvidos e novos desafios para a supervisora e o grupo de bolsistas do programa que atuam na instituição diante do debate que se estabelece.
No dia 03 de Setembro de 2015 realizamos uma dinâmica em diferentes turmas de alunos do segundo ano do Ensino Médio, chamada “A cabeça pensa onde o pé pisa” (baseada nos textos de Paulo Freire), na qual acreditamos que ficaram bem visíveis os benefícios e os desafios dessa metodologia. Trata-se de uma atividade simples, que foi dividida em três etapas, sendo que na primeira os educandos escrevem numa folha de oficio uma palavra que representa a sua visão de mundo ou o cotidiano, numa segunda eles formam frases que contenham algumas das palavras escritas por eles que estarão dispostas no chão da sala formando um caminho e por fim abre-se uma discussão sobre as diferentes visões de mundo tendo em vista as frases que foram formuladas pelos discentes.


Através dessa atividade conseguimos compreender que existe um mundo a partir das palavras e frases colocadas pelos estudantes, e pensar que são as visões de mundo postas por eles em sala que criam novos indivíduos nos fazendo compreender o comportamento de alguns, com os colegas, com o professor. Fatores, que sem duvida, devem ser considerados pelo educador no planejamento das atividades futuras, afinal, como prega Oswaldo Rays, a postura pedagógica deve estar presente em todos os momentos da sua pratica.
Evidentemente que no decorrer da atividade nos deparamos com alguns desafios como, por exemplo, o desinteresse de alguns educandos diante do tema proposto ou a receptividade da turma diante de alguma opinião que não esteja de acordo com as dos demais. Questões que podem ser facilmente solucionadas e que servem como instrumentos de avaliação de atividade, contribuindo para uma melhor execução das próximas atividades.
Essa adaptação metodológica traz consigo acréscimos importantes para todos os envolvidos na sua realização, por isso o nosso objetivo ao abordar essa temática é primeiramente proporcionar uma reflexão sobre os caminhos seguidos atualmente pela nossa educação para que a partir disso possamos pensar como os conhecimentos dos educandos podem contribuir para que esse caminho seja melhor trilhado.
Afinal, a sala de aula é um espaço de construção do conhecimento que deve ser realizada por todos os sujeitos presentes neste espaço. Por isso quanto mais docentes se conscientizarem de que não estão sozinhos nessa trajetória, maiores serão os benefícios que os mesmos irão obter durante esse processo.



Referencias
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. (Coleção Leitura)
RAYS, Oswaldo Alonso. O Trabalho pedagógico: hipóteses de ação didática. Santa Maria: Pallotti, 2000.