Larissa Lima Santos
Leonardo Lima Santos
Pedro Fragoso Costa Júnior
Rômulo Iago de Jesus e Santos
Thiago Neri
Em meio ao caldeirão das relações
de poder incrustadas nas ações humanas, a política é uma terminologia de sabor
marcante – adocicado para poucos, amargamente apodrecido para muitos. É assim também que pensam
a maioria dos brasileiros com relação à política, pois há uma noção de que ela
é uma podridão só – expressa através do elevado nível de corrupção – capaz de ofertar
oportunidades de ganhos ilegais a qualquer um, gerando uma expectativa distorcida: “Se estivesse lá roubaria também”.
Diante dessa realidade de aversão
à importância da política, torna-se de relevante ação o trato das relações
políticas no âmbito do ensino da Sociologia no ensino médio. A forma de abordar
como as diferentes formas de governo se comportam foi um desafio imposto, sendo
assim a melhor resposta foi a mais simples: um jogo de dicas.
Confeccionamos cartazes colando
os nomes de três formas de governo: monarquia, autoritarismo e democracia. Além
disso, fizemos dicas para que os estudantes em grupo discutissem e colassem
cada dica de acordo com a forma de governo que eles acreditassem ser a correta.
O autoritarismo como “os regimes
que privilegiam a autoridade governamental e diminuem de forma mais ou menos
radical o consenso, concentrando o poder político nas mãos de uma só pessoa ou
de um só órgão e colocando em posição secundária as instituições
representativas” (BOBBIO, 1998), Democracia como “Governo do povo, de todos os cidadãos,
ou seja, de todos aqueles que gozam dos direitos de cidadania” (BOBBIO, 1998) e
monarquia como “um regime substancial, mas não exclusivamente mono pessoal,
baseado no consenso, geralmente fundado em bases hereditárias e dotado daquelas
atribuições que a tradição define com o termo de soberania” (BOBBIO, 1998).
A metodologia de utilização de
dicas e divisão em grupos objetivava que os estudantes tornassem o processo de “aprendizagem
significativa” (COSTA; MORAES; JÚNIOR. 2012) e fossem protagonistas na
construção dessa aprendizagem. É válido ressaltar que:
Com a utilização de atividades lúdicas o ensino
torna-se mais participativo e dinâmico, e deste modo, o aluno deixa de ser um
simples receptor de informações transmitidas pelo professor passando a ser um
agente ativo durante as aulas, e como resultado passa a ter maior interesse
pela disciplina. (COSTA; MORAES; JÚNIOR. 2012).
Na reunião de preparação
da atividade, dividiu-se entre os bolsistas do PIBID a elaboração para que cada
um ficasse responsável por uma forma de governo e criasse quatro dicas sobre a
forma de governo. Com isso, foram criadas 12 dicas, já se pensando que seria possível
dividir cada turma em quatro grandes grupos. Atentamos que o indicado não era
exclusivamente o número de acertos, mas uma auto avaliação do quanto eles
estavam à par do assunto.
Nos dias 16 e 17 de julho a atividade foi aplicada nas turmas 3º BN e 3º AN respectivamente. Combinamos de chegar às 16h30minhs no colégio para acertar os últimos detalhes da atividade, como por exemplo: cortar as dicas, testar os equipamentos como o Datashow e a caixa de som, além de salvar o vídeo no computador da escola para ficar mais fácil para utilização na atividade.
Para a atividade utilizamos a
sala de multimídia do colégio. Alguns estudantes chegaram cedo na turma 3º BN,
mas em sua maioria chegaram atrasados. Situação corriqueira, uma consequência
de a maioria estar retornando do trabalho no final da tarde, pegando
engarrafamentos, entre outras situações. Novamente o tempo foi elemento gerador
de empecilhos, pois na turma 3º AN dois terços da turma chegaram com um certo
atraso. Assim que os alunos chegavam,
eram orientados pelos bolsistas como proceder na atividade, recebiam os
materiais ou se integravam em algum grupo já feito.
Dúvidas surgiram durante todo o processo de montagem dos cartazes. Alguns
estudantes confundiram as características da monarquia com as do autoritarismo,
enquanto outros buscaram pegadinhas nas dicas para ver se realmente estavam
fazendo direito. Os alunos e alunas
discutiram bastante sobre o tema. Alguns ficavam somente olhando, o que é
comum. Os monitores (licnciandos): Pedro, Larissa, Iago e Leonardo, ficaram
passando nos grupos para poder observar e ajudá-los de alguma forma, mas sem
dar alguma pista.
A turma 3º AN
durante a execução demonstrou afinidade e participação mútua. Três dos grupos
se mostraram confusos entre as dicas que mencionavam os três poderes. Embora
alguns comentassem alguma semelhança entre o autoritarismo e a monarquia, ressaltavam
a relação da monarquia com a figura do rei. Contudo, dois dos quatro grupos
erraram na colagem das dicas que mencionava os três poderes do Estado, levando-os
a confundirem as características entre autoritarismo e democracia. Os outros
dois grupos colaram corretamente as dicas nas respectivas colunas.
Por sua vez, na turma do 3º BN
observa-se que na maioria dos grupos não ocorria a leitura coletiva no grupo
nem o debate sobre em qual forma de governo cada dica se encaixaria, mas os
estudantes iam lendo individualmente a dica e colocavam na forma de governo que
acreditavam ser a correta. Com isso, nós bolsistas, ficamos mais próximo dos
grupos, incentivando que discutissem coletivamente sobre as dicas. Foi
perceptível que os estudantes que chegaram atrasados ficaram prejudicados, pois
quando se encaixavam nos grupos, a maioria já tinha discutido sobre as dicas,
alguns já tinham chegado a colar as dicas, e com isso não puderam contribuir
muito na construção da atividade.
Para finalizar, os licenciandos
passaram na turma 3º BN um vídeo explicativo sobre as formas de governo que auxiliou
a tirar mais algumas dúvidas da turma em relação às dicas utilizadas na
dinâmica da atividade. Já que não tivemos como reproduzir o vídeo pra a turma
do 3º AN, pois um professor havia levado a chave da sala multimídia pra casa
por engano, a turma comentou sobre as dificuldades para decidir à respeito das
dicas e sobre qual forma de governo cada um achava mais viável para se viver em
sociedade.
Agora temos que ter cuidado com os termos sociológicos que os alunos têm dificuldade de compreender; e isso aconteceu em um momento da exposição. Contudo, fizemos uma intervenção que, de modo geral, acredito que conseguimos fazer com que os educandos compreendessem melhor o tema. (Leonardo, licenciando em Ciências Sociais)
Considerando a avaliação como
parte do processo de elaboração e execução da atividade, uma semana após a
execução da intervenção, os licenciandos voltaram à sala de aula para colher as
opiniões e impressões dos estudantes sobre as atividades através das respostas
deles a um questionário elaborado em conjunto pelo grupo do Pibid que atua no
colégio. Obtendo os seguintes dados:
Com relação à discussão das três formas de
governo, você considera:
Turma 3ºAN
Desnecessária
|
Pouco relevante
|
Relevante
|
Muito importante
|
0
|
0
|
02
|
18
|
Turma 3ºBN
Desnecessária
|
Pouco relevante
|
Relevante
|
Muito importante
|
0
|
0
|
1
|
19
|
A atividade mostrou que seu conhecimento
sobre o tema estava:
Turma 3ºAN
Abaixo
|
Regular
|
De acordo
|
Acima do necessário
|
03
|
08
|
07
|
02
|
Turma 3ºBN
Abaixo
|
Regular
|
De acordo
|
Acima do necessário
|
6
|
9
|
5
|
0
|
O formato da atividade em equipe para
construir cartazes foi:
Turma 3ºAN
Ruim
|
Pouco interessante
|
Interessante
|
Ótima
|
01
|
0
|
12
|
7
|
Turma 3ºBN
Ruim
|
Pouco interessante
|
Interessante
|
Ótima
|
0
|
0
|
7
|
13
|
Com relação às explicações e apoio dos
monitores:
Turma 3ºAN
Ruim
|
Regular
|
Boa
|
Ótima
|
0
|
03
|
03
|
14
|
Turma 3ºBN
Ruim
|
Regular
|
Boa
|
Ótima
|
0
|
0
|
7
|
13
|
Com relação às falhas é possível dizer:
Turma 3ºAN
Não houve
|
Ocorreram
poucas
|
Ocorreram
muitas
|
08
|
11
|
1
|
Turma 3ºBN
Não houve
|
Ocorreram poucas
|
Ocorreram muitas
|
9
|
10
|
1
|
Em sua maioria, os estudantes
concordam que debater sobre as características das formas de governo é
importante e que a atividade feita pelos licenciandos do Pibid, com o formato
de elaboração de cartazes com dicas, ajudou a reforçar o conhecimento dos discentes
sobre o tema.
Os educandos consideraram o
trabalho em equipe na elaboração dos cartazes entre regular e ótimo, com a
maioria indicando pra ótimo, assim como a orientação dos licenciandos do Pibid
durante todo o processo da atividade, que foi considerada com poucas falhas de
execução, desde a explicação das regras do jogo até o auxílio no decorrer da
confecção dos cartazes.
Acredito que houve falhas, mas, de todo modo, fizemos uma atividade que os educandos participaram bastante, alguns deram sua opinião sobre as formas de governo; e avaliaram bem a intervenção mediante o questionário que aplicamos. (Leonardo, licenciando em Ciências Sociais)
Por fim, é importante comentar a
importância da construção e escrita dos relatos pós-atividade. Relatar o
vivenciado em sala de aula nem sempre é fácil, já que nem sempre conseguimos
escrever logo após a realização da atividade. Mas é significativo explorar
a percepção, enquanto licenciando que galga a posição de professor, acerca da atividade na sala de aula,
permitindo com a escrita recuperar momentos vivenciados na sala de aula com
suas alegrias e desafios e refletir sobre eles.
O professor constrói sua performance a partir de
inúmeras referências. Entre elas estão sua história familiar, sua trajetória
escolar e acadêmica, sua convivência com o ambiente de trabalho, sua inserção
cultural no tempo e no espaço. Provocar que ele organize narrativas destas
referências é fazê-lo viver um processo profundamente pedagógico, onde sua
condição existencial é o ponto de partida para a construção de seu desempenho
na vida e na profissão. Através da narrativa ele vai descobrindo os
significados que tem atribuído aos fatos que viveu e, assim, vai reconstruindo
a compreensão que tem de si mesmo. (CUNHA, 1997, p.3).
Na construção de uma educação
libertadora, em que os estudantes sejam protagonistas do processo de
aprendizagem, é fundamental a percepção de educadores e dos educandos enquanto
pessoas que têm: corpo, histórias de vida, biografia, entre outras
características. E compreender que todos esses fatores influenciam no processo
de aprendizagem no espaço escolar.
Referências
- BOBBIO, N. Dicionário de Política vol. 1. 11 ed. Brasília: Unb, 1998.
- COSTA, Rosane
Mayara Andrade; MORAES, Cinara Aparecida de; JÚNIOR, José Gonçalves
Teixeira. O uso do lúdico em sala
de aula – um jogo confeccionado com materiais alternativos. Faculdade
de Ciências Integradas do Pontal – Universidade Federal de Uberlândia. XVI
Encontro Nacional de Ensino de Química e X Encontro de Educação Química da
Bahia. 2012.
- CUNHA, Maria Isabel da. Conta-me agora! As narrativas como alternativas pedagógicas na pesquisa e no ensino. Revista da Faculdade de Educação. Vol. 23. N. 1-2. São Paulo. Jan/Dec. 1997.
- GIDDENS, Anthony. Sociologia.
4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2005.