23 de ago. de 2015

Postado por PIBID Sociologia UFBA
| domingo, agosto 23, 2015


Larissa Lima Santos
Leonardo Lima Santos
Pedro Fragoso Costa Júnior
Rômulo Iago de Jesus e Santos
Thiago Neri













Nos dois últimos dias do mês de julho, uma quinta-feira e sexta-feira, realizamos nossa segunda intervenção da unidade de Política com as turmas do 3ºBN e 3ºAN do Colégio Estadual Mestre Paulo dos Anjos (CEMPA). Como de costume, o supervisor e os licenciandos do PIBID Sociologia do CEMPA, chegaram ao colégio às 17h00minhs para nossa reunião e para os últimos ajustes do planejamento da intervenção. Às 18h40minhs fomos para sala de aula, e aguardamos até às 19h00minhs uma quantidade razoável de estudantes para começarmos a intervenção. É válido ressaltar que alguns estudantes que chegaram mais cedo, estavam fazendo atividade da disciplina de filosofia para entregar naquele dia.
A atividade tratou dos tipos de democracia, direta e indireta. A principal proposta da atividade era comentar as características e os diversos aspectos da democracia no modelo clássico e moderno, incluindo assuntos que estão vigentes no cenário político atual, bem como a existência dos três poderes do Estado, a influência de empresas, o questionamento da própria representatividade nesse modelo de governo.
Começamos com um retorno a discussão sobre democracia como “Governo do povo, de todos os cidadãos, ou seja, de todos aqueles que gozam dos direitos de cidadania” (BOBBIO, 1998), dando foco aos tipos de democracia:

      a)    Direta em que “as decisões são tomadas em comum por aqueles que afetam” (GIDDENS, 2012)
     b)   Indireta em que “as decisões que afetam a comunidade são tomadas não por seus membros como um todo, mas por pessoas que foram eleitas para essa finalidade” (GIDDENS, 2012).

Na turma 3ºAN quando começamos a intervenção um ruído externo de uma máquina cortadora de grama atrapalhou a concentração de quem apresentava e a dos estudantes:

Tentei falar um pouco mais alto, mas não foi o suficiente para que os estudantes conseguissem escutar com clareza o que eu estava falando. Foi uma experiência bem desagradável que impediu a comunicação e o diálogo com os estudantes e que os dispersou da aula. (Larissa, licencianda Sociologia)

Em Dreossi e Momensohn-Santos (2005) percebemos os possíveis problemas ocasionados pelos ruídos externos à sala de aula:

Enquanto uma pessoa nem percebe que está passando um carro com alto-falantes na rua durante sua aula, uma outra poderá ter que recorrer a estratégia de sentar-se mais à frente, outra poderá se desinteressar do assunto, pois não está conseguindo seguir a fala do professor, outro poderá começar a ter incômodos físicos como dor de cabeça, cansaço, dores musculares, etc.  (2005, p. 2)

Apesar da experiência desagradável ocasionada pelos ruídos externos, o PIBID mostra sua validade ao propiciar que estudantes de licenciatura na graduação conheçam a realidade da sala de aula e as possíveis interferências externas buscando maneiras de lidar com situações diversas.
Na turma 3º BN à medida em que chegavam os alunos, Leonardo começou a explicar como aconteceria a atividade e iniciou contextualizando a antiga Grécia e o modelo de democracia (direta) utilizado naquele período. Alguns alunos demonstraram que compreendiam a característica básica de cada tipo de democracia que seria tratada: “Houve, logo, algumas perguntas e opiniões de uma aluna e de um aluno nesta parte da intervenção. Utilizamos um pouco o quadro para ajudar na exposição” (Leonardo, licenciando Sociologia). Destacando as características da democracia direta e o modo como as decisões eram tomadas nas cidades pelos ditos cidadãos, mencionou também em alguns momentos a debilidade da democracia indireta em dar voz ao povo. Neste momento, uma das alunas lembrou-se de um projeto da prefeitura denominado “Prefeitura-Bairro” que tem como proposta uma maior proximidade da prefeitura com os problemas dos bairros da cidade. Em seguida Pedro abordou a democracia representativa:

Busquei abordar o lado positivo e negativo de uma democracia indireta ou representativa, com o intuito também de esclarecer às frustrações dos alunos e da sociedade em geral no que diz respeito às expectativas destes com o regime político no qual estão submetidos. Trouxe também na explicação o modo como grupos diversos participam de forma legitima da cena política, como os movimentos sociais, os partidos políticos e também grandes empresas. A turma pareceu compreensiva quanto a questão da representatividade debilitada nesse estilo de regime, pois tendo esclarecido que a política vista como um jogo de negociações, o povo fica em segundo plano e as decisões são sempre direcionadas à maioria. (Pedro, licenciando Sociologia)

Ainda nessa atividade propomos uma votação dos estudantes da turma referente à liberação ou a proibição do wifi no colégio, isso por meio de um plebiscito, nesse momento 4 alunos foram orientados a argumentar 4 pontos de vista distintos para convencer o coletivo.
Cada um desses quatro estudantes ficou responsável por defender um argumento: a) wifi liberado, b) wifi liberado somente para o 3ºBN, c) wifi liberado para o turno noturno, d) wifi proibido. Distribuímos cédulas de votação para os estudantes e pedimos que cada um dos quatro estudantes voluntários desse um argumento para convencer os demais estudantes a votar na proposta defendida por cada um.












     Após essa etapa, deu-se início ao debate sobre a dinâmica e sobre o conteúdo apresentado. A primeira questão que ficou foi: a dinâmica foi uma demonstração de democracia direta ou indireta? Boa parte dos alunos disse que foi uma demonstração de democracia indireta, pois teve votação, igualmente temos hoje no Brasil. Entretanto, outros estudantes apontaram que a votação não foi para eleger representantes e sim para decidir sobre uma política que afetaria a todos, desse modo, a demonstração foi de democracia direta.
      O debate então se seguiu para saber se, caso fosse uma democracia indireta, o resultado para a política do uso do wifi no colégio seria o mesmo. Alguns estudantes disseram que não, mas não souberam justificar. Então apareceu a questão: se os eleitos são representantes de nossos interesses, por que o resultado seria diferente? A resposta CORRUPÇÃO foi a mais usada pelos estudantes.
     Na turma 3ºAN uma das alunas comentou nesse momento que talvez um modelo direto de democracia na atualidade não teria sucesso por questões de incompatibilidade de interesses e falta de tempo disponível pra discutir questões políticas, daí aproveitei o ensejo para usar o próprio plebiscito como exemplo, uma vez que a turma toda expressou sua vontade diretamente e a maioria foi atendida, porém os que votaram diferente provavelmente não se sentiriam contemplados com a decisão final. Com isso discorremos sobre a visão da democracia tida como ditadura da maioria.
A discussão foi encerrada pontuando a presença de interesses de empresários e de grandes empresas na tomada de decisões na democracia indireta. O que levou o debate para a questão do financiamento de campanha.
No fechamento, passamos o questionário objetivo para os educandos responderem e recolhemos finalizando a intervenção.


O formato da atividade, com debate e votação, foi:
3ºAN
Péssimo
Ruim
Regular
Bom
Ótimo
0
2
2
9
13

3ºBN
Péssimo
Ruim
Regular
Bom
Ótima
Sem Resposta
0
0
0
9
10
1

A sua participação na atividade foi:  
       3ºAN      
Péssima
Ruim
Regular
Boa
Ótima
1
3
8
10
4

       3ºBN
Péssima
Ruim
Regular
Boa
Ótima
0
2
8
8
2

A participação de seus colegas na atividade foi:
          3ºAN
Péssima
Ruim
Regular
Boa
Ótima
0
2
4
15
5
3ºBN
Péssima
Ruim
Regular
Boa
Ótima
0
0
7
8
5

Com relação às falhas dos monitores na condução da atividade é possível dizer:
3ºAN
Não houve
Ocorreram poucas
Ocorreram muitas
14
10
2

3ºBN
Não houve
Ocorreram poucas
Ocorreram muitas
15
5
0

A sua chegada a sala de aula foi:
3ºAN
Sem atraso
Com pouco atraso
Com muito atraso
6
18
2

           3ºBN
Sem atraso
Com pouco atraso
Com muito atraso
7
12
1

Conseguimos realizar a atividade dentro do horário da aula, contudo fiquei angustiada por sentir que alguns pontos para explanação que estavam no planejamento não foram tocados, como por exemplo; salientar a expansão da cidadania, a variante da democracia representativa com o papel da representação e a participação política através de sindicatos, movimentos sociais, entre outros (JÚNIOR; POGREBINSHI, 2011). Em relação a minha auto avaliação acredito ser importante repensar novas técnicas que permitam estruturar o planejamento da aula de forma que seja mais fácil a reestruturação em consequência de possíveis problemas que aconteçam no momento da aula. Com estratégias para não comprometer o processo de aprendizagem com a interferência de fatores externos, no caso dessa intervenção, acredito que ter pedido para que a turma formasse um círculo ou estivesse mais próximo geograficamente de mim, e não sentados dispersos na sala poderia ter auxiliado para conseguirem me ouvir e ter feito um esquema no quadro de pontos a serem tratados poderiam auxiliar também para que eu conseguisse resgatar o raciocínio planejado para explanação. (Larissa, licencianda Sociologia)

Referencias

·         BOBBIO, N. Dicionário de Política vol. 1. 11 ed. Brasília: Unb, 1998.

·   DREOSSI, Raquel Cecília Fischer; MOMENSOHN-SANTOS, Teresa. O ruído e sua interferência sobre estudantes em uma sala de aula: revisão de literatura. Pró-Fono Revista de Atualização Científica, Barueri (SP), v. 17, n.2, maio-ago. 2005. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/pfono/v17n2/v17n2a13.pdf.

·        FERES JUNIOR, J.; POGREBINSCHI, T. Democracia, cidadania e justiça. In: MORAES, A.C. Sociologia: ensino médio. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2010. 304 p.: il. (Coleção Explorando o Ensino; v. 15);

·       GIDDENS, A. Política, governo e movimentos sociais. In: _____. Sociologia. Tradução de Ronaldo Cataldo Costa. 6. ed. Porto Alegre: Penso, 2012, cap. 22, p. 697 – 726

·        TERRIBELLE, Alexssandra de Oliveira. Juventude, trabalho e ensino noturno: um estudo sobre os jovens da periferia de Goiânia. 2006. 92 p. Dissertação. Universidade Federal de Goiás. Disponível em: https://pos-sociologia.cienciassociais.ufg.br/up/109/o/Alexssandra.pdf.


·       JÚNIOR, João Feres; POGREBINSCHI, Thamy. Democracia, cidadania e justiça. Coleção explorando o ensino: Sociologia. v.15. 2011.