Por Mariana Bittencourt
Lays Caroline
Rithiane Almeida
Rômulo Iago Santos
Zósimo Ferreira
Na última semana de Novembro, a equipe de licenciandos do Pibid retornou a sala de aula do Duque de Caxias para executar a última atividade do programa no colégio em 2015. Aproveitando que discutimos "desigualdades sociais, discriminação e preconceito" durante toda a unidade; que o colégio fica na Liberdade (segundo bairro com maior percentual de negros em Salvador) e o mês do dia em que é comemorado o Dia da Consciência Negra; por que não discutir sobre África?
Com isso em mente, foi
planejada uma atividade que consistiu em um QUIZ com questões relacionadas a
curiosidades e notícias sobre o continente africano. O formato foi o mesmo que
o da intervenção sobre a Organização Política Brasileira. Trouxemos para a sala
de aula um quiz, inspirados no manual educacional "A História da África na
Educação Básica", elaborado por Rocha (2009).
O objetivo da intervenção
era trazer à luz as concepções que os estudantes possuíam e discutí-las, para
que fossem desmistificadas, e novas e curiosas informações sobre África fossem
descobertas.
O quiz versava sobre os estereótipos e pré-concepções, muitas vezes profundamente preconceituosas, que estão arraigadas no senso comum acerca de África, da história de África. As questões abordavam desde o clima às contribuições dos países africanos para o desenvolvimento da humanidade como um todo, bem como a configuração social e política de África." (Rithiane Almeida, licencianda em ciências sociais)
Desse modo, as turmas foram
divididas em equipes e cada equipe ficou com duas placas, confeccionadas
previamente pela equipe de trabalho, com as inscrições "V" e
"F". Ao passo que os licenciandos iam lendo as sentenças, eles
deveriam levantar as placas, e explicar por que o fizeram. Em seguida, havia
uma pequena discussão sobre a sentença, e se seguia à próxima.
Sendo assim, nos dias 26 e
27 de Novembro de 2015, os licenciandos do Pibid fizeram a atividade em sala de
aula com as turmas A, B, C e E do segundo ano do ensino médio do turno
matutino. Na turma E, no primeiro horário do dia 27, a atividade iniciou com
certo atraso devido as fortes chuvas que assolaram parte da cidade de Salvador
na manhã daquela sexta-feira, os licenciandos e os estudantes tiveram dificuldades
para chegar ao colégio. Poucos alunos compareceram a aula, por isso, dividimos
a sala em somente dois grupos que foram compostos por cerca de seis alunos
cada, que foram chegando durante a atividade.
Após o atraso, a atividade
iniciou e era perceptível o quanto os estudantes “chutavam” se a sentença era
falsa ou verdadeira. Sempre que questionados sobre por que levantaram aquela
placa, eles desconversavam ou então diziam “não sei o porquê, só sei que é
verdadeiro”. Coube à equipe explicar por que cada sentença era verdadeira ou
falsa. No segundo ano B, segundo horário da sexta-feira, destaque para a equipe
ganhadora do QUIZ, que apontou que estava acertando as questões por que já
tinham visto aquelas informações no Discovery Channel.
Embora os estudantes
tivessem uma concepção bastante positiva da África, alguns mitos raciológicos
ainda permaneciam, o que era perceptível nas colocações dos mesmos. Um exemplo
foi quando um estudante no segundo ano A, primeira turma da quinta-feira, disse
acertadamente que os africanos foram os primeiros a se utilizar de vestimentas.
Mas justificou erroneamente, alegando que os africanos matavam animais e
utilizavam suas peles, evocando a ideia de "selvagem". Na discussão,
expusemos que os africanos foram os primeiros a se utilizar da manipulação
têxtil, muito antes dos europeus.
Os estudantes ficavam
visivelmente surpresos com a resposta de algumas sentenças como a que dizia que
tinha neve na África ou a que dizia que o pensamento matemático surgiu no
continente africano. Houve também confusão ao falarmos que o Egito é um país da
África, muitos achavam que era uma nação européia.
Desse modo, em consonância
com a lei 10639/03 e com os próprios Parâmetros Curriculares Nacionais, essa
intervenção proporcionou o pensar que é preciso repensar o que se sabe sobre
África e inclusive observar o próprio ensino com um olhar crítico, que por anos
não levou em consideração a história africana e as concepções e contribuições
do mundo africano, dicotomizando-o e subjugando-o ao mundo ocidental.