15 de dez. de 2015

Postado por PIBID Sociologia UFBA
| terça-feira, dezembro 15, 2015
Por Mariana Bittencourt
Lays Caroline
Rithiane Almeida
Rômulo Iago Santos
Zósimo Ferreira

Na última semana de Novembro, a equipe de licenciandos do Pibid retornou a sala de aula do Duque de Caxias para executar a última atividade do programa no colégio em 2015. Aproveitando que discutimos "desigualdades sociais, discriminação e preconceito" durante toda a unidade; que o colégio fica na Liberdade (segundo bairro com maior percentual de negros em Salvador) e o mês do dia em que é comemorado o Dia da Consciência Negra; por que não discutir sobre África?

Com isso em mente, foi planejada uma atividade que consistiu em um QUIZ com questões relacionadas a curiosidades e notícias sobre o continente africano. O formato foi o mesmo que o da intervenção sobre a Organização Política Brasileira. Trouxemos para a sala de aula um quiz, inspirados no manual educacional "A História da África na Educação Básica", elaborado por Rocha (2009).

O objetivo da intervenção era trazer à luz as concepções que os estudantes possuíam e discutí-las, para que fossem desmistificadas, e novas e curiosas informações sobre África fossem descobertas.

 O quiz versava sobre os estereótipos e pré-concepções, muitas vezes profundamente preconceituosas, que estão arraigadas no senso comum acerca de África, da história de África. As questões abordavam desde o clima às contribuições dos países africanos para o desenvolvimento da humanidade como um todo, bem como a configuração social e política de África." (Rithiane Almeida, licencianda em ciências sociais)

Desse modo, as turmas foram divididas em equipes e cada equipe ficou com duas placas, confeccionadas previamente pela equipe de trabalho, com as inscrições "V" e "F". Ao passo que os licenciandos iam lendo as sentenças, eles deveriam levantar as placas, e explicar por que o fizeram. Em seguida, havia uma pequena discussão sobre a sentença, e se seguia à próxima.

Sendo assim, nos dias 26 e 27 de Novembro de 2015, os licenciandos do Pibid fizeram a atividade em sala de aula com as turmas A, B, C e E do segundo ano do ensino médio do turno matutino. Na turma E, no primeiro horário do dia 27, a atividade iniciou com certo atraso devido as fortes chuvas que assolaram parte da cidade de Salvador na manhã daquela sexta-feira, os licenciandos e os estudantes tiveram dificuldades para chegar ao colégio. Poucos alunos compareceram a aula, por isso, dividimos a sala em somente dois grupos que foram compostos por cerca de seis alunos cada, que foram chegando durante a atividade.

Após o atraso, a atividade iniciou e era perceptível o quanto os estudantes “chutavam” se a sentença era falsa ou verdadeira. Sempre que questionados sobre por que levantaram aquela placa, eles desconversavam ou então diziam “não sei o porquê, só sei que é verdadeiro”. Coube à equipe explicar por que cada sentença era verdadeira ou falsa. No segundo ano B, segundo horário da sexta-feira, destaque para a equipe ganhadora do QUIZ, que apontou que estava acertando as questões por que já tinham visto aquelas informações no Discovery Channel.

Embora os estudantes tivessem uma concepção bastante positiva da África, alguns mitos raciológicos ainda permaneciam, o que era perceptível nas colocações dos mesmos. Um exemplo foi quando um estudante no segundo ano A, primeira turma da quinta-feira, disse acertadamente que os africanos foram os primeiros a se utilizar de vestimentas. Mas justificou erroneamente, alegando que os africanos matavam animais e utilizavam suas peles, evocando a ideia de "selvagem". Na discussão, expusemos que os africanos foram os primeiros a se utilizar da manipulação têxtil, muito antes dos europeus.

Os estudantes ficavam visivelmente surpresos com a resposta de algumas sentenças como a que dizia que tinha neve na África ou a que dizia que o pensamento matemático surgiu no continente africano. Houve também confusão ao falarmos que o Egito é um país da África, muitos achavam que era uma nação européia.

Desse modo, em consonância com a lei 10639/03 e com os próprios Parâmetros Curriculares Nacionais, essa intervenção proporcionou o pensar que é preciso repensar o que se sabe sobre África e inclusive observar o próprio ensino com um olhar crítico, que por anos não levou em consideração a história africana e as concepções e contribuições do mundo africano, dicotomizando-o e subjugando-o ao mundo ocidental.