20 de set. de 2014

Postado por PIBID Sociologia UFBA
| sábado, setembro 20, 2014
No segundo semestre de 2014.2 as atividades do PIBID Sociologia UFBa vem se dando com maior frequência no colégio ICEIA, a partir do aumento do número de visitas das bolsistas a unidade escolar. Esta maior aproximação das inciandas à docência Ana Paula, Íris Cristina, Jaqueline Barreto, Marineide Rego e Rosângela Magalhães com as turmas da Tempo Formativo Eixo VI vem sendo bastante recompensadora, tanto no que diz respeito a possibilidade de realizar planejamentos mais adequados às turmas observadas quanto no âmbito da criação de vínculos emocionais das bolsistas do programa com a comunidade escolar do ICEIA.
Recentemente, nos dias 25 e 26 de agosto, realizamos a primeira atividade de intervenção ( sequência didática) das bolsistas no segundo semestre. A atividade ocorreu em sintonia com os temas tratados na II unidade, quando as bolsistas organizaram uma sequência didática intitulada “Os modos de produção no capitalismo: taylorismo e fordismo”. Ela foi composta por dois momentos distintos. No primeiro momento ocorreu a exibição do clássico  Tempos Modernos, que, devido ao limitado espaço de tempo da hora-aula no turno noturno ( 40 minutos) teve de ser reduzido aos 25 minutos iniciais. O filme foi extremamente bem recebido pelas turmas, apesar de ter sido exibido pela primeira vez em 1936. Ao final da exibição os estudantes relataram suas primeiras impressões do excerto exibido. Também ao fim da sessão os estudantes foram solicitados a formarem grupos. Cada grupo recebeu um pedaço de papel explicando um conceito já trabalhado pela professora em sala de aula como: taylorismo, fordismo, mais-valia e alienação do trabalho. Os grupos então foram solicitados a , no segundo momento reconhecer estes conceitos no filme exibido. O segundo momento da atividade consistiu, justamente, no debate em torno da associação entre os conceitos e as cenas do filme. As bolsistas acompanharam as respostas dos grupos de estudantes e fizeram inferências a partir das interpretações apresentadas, utilizando, em alguns momentos o recurso de revisitar algumas cenas do filme para melhor ilustrar seus argumentos. Por fim, os alunos foram convidadas a avaliar a atividade como um todo.
Bolsistas Marineide, Rosângela, Íris, Ana Paula e Jaqueline compartilhando a pipoca do Cine Clube Sociológico

Algumas dificuldades foram encontradas na ocasião e representaram um fato de pesquisa muito rico. Claramente, a atividade funcionou melhor em uma turma do que em outra, apesar de o mesmo conteúdo estar sendo trabalhado e através do mesmo método. Várias hipóteses foram levantadas para explicar o sucesso da atividade na turma do Eixo VI turma B e o fraco desempenho dos estudantes em participar do segundo momento da intervenção no Eixo VI turma A. A partir da observação percebemos a fragilidade dos laços afetivos da turma e uma resistência em compartilhar ideias com os colegas e bolsistas do pibid. Os próprios estudantes da turma A tinham pouco conhecimento a respeito dos colegas e havia alguma hostilidade entre eles. Este ambiente pouco convidativo, já notado pela professora desde o início do ano, motivou uma nova intervenção( sequência didática) do trio responsável pelo acompanhamento da turma A , que , no próximo post será descrita.
Estudantes do Eixo VI turma A do colégio ICEIA assistindo ao filme Tempos Modernos

19 de set. de 2014

Postado por PIBID Sociologia UFBA
| sexta-feira, setembro 19, 2014
Vontade, essa palavra me vem à mente sempre que me dirijo ao C.E,M.P.A, vontade de estar lá e poder renovar as energias ao perceber que a escola pulsa com vida, vida real, cheia de contradições e conflitos, com desníveis e desigualdades, mas ainda assim cheia de vida.
No dia 05 de setembro, nós bolsistas do Pibid-Sociologia, Miguel, Moisés, Zósimo, Priscila e eu fomos convidados pelo supervisor Thiago para acompanhar o evento que ocorreu na escola; Projeto: cidadania, política e sexualidade.
Em particular senti duas coisas, êxtase em ver a dedicação e movimentação de toda a escola para dar o seu melhor, e frustração por não ter podido participar mais, ajudar na elaboração dos stands, trocar ideias com alunos, contribuir com as pesquisas, senti aquele vazio que nos da quando não conseguimos fazer parte de algo tão singular.
Os estudantes se organizaram o melhor que puderam, sabemos a dificuldade da educação em nosso país, escolas sucateadas, falta de material, falta de apoio e muitas vezes a falta maior, a falta de humanidade, mas o C.M. Paulo dos Anjos se mostrou cria do bairro onde está, e mostrou a força daqueles que resistem, por mais que as apostas sejam negativas, vi alunos exaustos, com expressões carregadas, mas para além do véu do cansaço, o sorriso de canto de boca daqueles que sentem que fizeram e deram o seu melhor.
Tanta foi a informação que nós ficamos a correr de uma lado para o outro com vontade de ver tudo (sofrimento antropológico de nunca dar conta da totalidade), registar, interagir, ouvir deles como foi a experiência, das drogadição a natalidade consciente, passando pela diversidade de uma cultura identitária, fomos bombardeados com a energia daquelas pessoas.
Outra grande sacada foi o formato dado ao evento, ele ocorreu nos três turnos do colégio, e os eixos temáticos foram distribuídos em stands, com apresentações e jogos interativos bem como a explanação das equipes sobre seus temas, vídeos produzidos e usados para servir de roteiro para alguns temas mais complexos como DSTs e um falando das influencias afro-brasleiras na música, um vídeo em particular mexeu bstante com várias de minhas sentimentalidades, uma das turmas pegou trechos do filme “Amistad” e com a narração de “Paulo Autran” do poema “Navio Negreiro” de “Castro Alves”, percebi na sala (eu fui incumbido de avaliar os vídeos junto com outro professor) que as imagens provocaram um silencio incomodo, era possível sentir no ar uma respiração suspensa, quiçá até uma brisa de banzo quando vimos na tela a interpretação de uma parte da brutalidade do trafico escravo, em mim parece que despertou uma memoria atemporal, como que cravada na alma, e ao ver as chibatadas e seres humanos acorrentados lançados ao mar, confesso que o coração apertou como quem sente saudade de quem não conheceu...
E por fim e não menos importante, foram as apresentações no palco montado na quadra de esportes do Colégio, lá era possível apreciar o caráter artístico do evento, uma das turmas montou uma pequena esquete para tratar da questão das drogas, logo mais se apresentariam grupos musicais formados por alunos/moradores do bairro iriam apresentar seus trabalhos, na quadra os dançarinos de Break davam a sensação de ausência de gravidade entre os freezes e os power moves, mas nem tudo era parte do movimento Hip-Hop no canto da quadra estudantes do turno matutino (já eram quase 21:00 hs) alternavam entre os “passinhos” e o samba duro.
Do samba ao Rap, dos B.Boys e B.Girls aos pagodeiros e reggaeman’s, Do Sindico (Saudoso e grande Tim) ao passinho do Funk carioca, tudo era  pulsante, vivo, e era escola, escola como ela tem que ser, aberta, dialógica, contribuindo para formar críticos, e na contra mão aberta a ouvir criticas.
De curiosos, passamos a interativos e atuantes, quando fomos convidados a ajudar a avaliar os trabalhos, não consegui dar notas imparciais e técnicas, pois cada vez que elogiava um trabalho para as esquipes responsáveis e via os olhos deles cheios de um brilho que eu na minha pedancia de achar que entendo de gente só conseguia ler como o brilho do orgulho, do reconhecimento, do gosto bom que nos da quando superamos as barreiras que costumam dizer que não podemos, não devemos, ou não somos capazes.
Acho que estou devaneado ou caetaneando de mais a minha impressão, mas nem quero saber, ela é fruto do que senti quem está escrevendo não um pretenso acadêmico, bolsista de programa, futuro professor, quem escreve é alguém que se viu no belo espelho que o C.E.M.P.A se tornou, a voz de quem viu gente que acredita ser possível, gente de verdade, que longe do rótulos de “moradores de bairro violento” “moradores de invasão” são vencedores apenas por estar naquele espaço, e continuar acreditando que se pode fazer diferente, quem dera houvessem mais educadores compromissados com nossa realidade, muitas revoluções seriam feitas, enquanto eles não acordam, seguimos nós, sonhando e construindo a revolução, não a revolução de europeus de séculos passados, mas a revolução que funciona, seja dizendo a eles que as ferramentas para a mudança estão ao alcance de suas mãos, ou percebendo que muitos deles já estão de mentes livres, olhares adiante e prontos pra lutar por seus espaços.
VALEU C.E.M.PA!!!!


Texto escrito pelo bolsista George Hora.

Postado por PIBID Sociologia UFBA
| sexta-feira, setembro 19, 2014

O texto que se segue é deveras artesanal, resultante de múltiplas mãos e mentes. Com isso, apresenta uma polifonia proposital, galgando ofertar ao leitor um gradiente de retinas que permitam leituras diversas nas mesmas laudas.


Chegada à escola

A questão do deslocamento até o local de estudo e as dificuldades nele presente, continuamente remetem aos cenários rurais, mas poucos tem pensado isso no meandro urbano. Com isso, as falas de Moisés e George são de relevante leitura:  

A primeira impressão foi do difícil deslocamento para o bairro, é oferecido transporte direto em poucas linhas e com intervalos grandes. A Estação Mussurunga é ponto de conexão com o bairro, o coletivo retorna com intervalo de 30 minutos. Ao perguntar sobre o acesso ao Bairro da Paz constatei que para deslocar-me da maioria dos bairros do município de Salvador até lá, faz-se necessário uso de 2 coletivos - até a estação e num segundo momento para a comunidade. Ainda há uma particularidade, pois, da estação saem dois tipos de roteiros: um micro-ônibus com intervalos de 30 min, que por sua vez só cobre parcialmente o perímetro do bairro; um ônibus grande que cumpre com outras localidades específicas como o Areal, local onde se encontra a escola em observação.  Neste primeiro momento, ainda desinformado dos diferentes roteiros, uma vez na estação, adentrei o micro-ônibus o que me fez andar 20 minutos extras desembarcando numa praça e seguindo até encontrar a escola. (Diário de Campo, 13/08/14, Moisés)
Para testar mais uma rota que pudesse me levar mais rápido até o C. Paulo dos Anjos, peguei um ônibus me frente ao antigo Hotel da Bahia com destino aa Estação Mussurunga, o trajeto algo completamente insano, longo, moroso, o que me obrigou a chegar ao local como horário estourado em quase 30 minutos, mesmo eu tendo pegado o 1º ônibus exatamente as 15:40 e o horário de nosso encontro ser 18:00h para que tivéssemos tempo de dar mais uma volta pelo bairro antes das atividades e dar as boas vindas a Moisés, o novo bolsista designado para trabalhar conosco. (Diário de Campo, 13/08/14, George)

Neste dia (13/08/14) o clima que encontramos na escola foi de festa já que estávamos comemorando o Dia do Estudante, os professores da unidade mantêm uma atmosfera agradável de muita descontração e receptividade para conosco. Essa data também marcava o primeiro contato de Moisés com a escola, sobre isso nos disse ele:
Já na escola pude ter o primeiro contato com a sala dos professores, por sinal, bastante movimentada pela troca do turno vespertino para o noturno. Nesse momento, os professores estavam compartilhando um lanche oferecido pela direção da escola para um evento seminal que teria como tema a trajetória dos estudantes enquanto cidadãos. (Diário de Campo, 13/08/14, Moisés)


Um rolê nas quebradas

Acompanhados do supervisor do programa de iniciação à docência, que é também professor e morador da comunidade, foi possível conhecer com mais especificidade as ruas, becos e vielas da localidade dando substância para uma percepção menos superficial do espaço relacional do bairro e podendo fazer considerações sobre o modo de vida dos diferentes sub grupos que começaram a ser delineados ante nossos olhos.
Pudemos ver que o bairro apesar do que se pensa, mantem certa infraestrutura que permite a manutenção de seus moradores, comércio forte e diversificado, templos religiosos de diversas denominações e credos, somados aos projetos sociais. Sobre transporte ainda comenta George:
Comentei com Thiago sobre a relação do motorista do ônibus que me conduziu em relação às crianças e aos estudantes do bairro, falando com todas, permitindo o acesso pela porta dianteira sem cobrar a condução, isso foi algo que me chamou atenção, o que Thiago disse ser comum haja vista que dada a quantidade reduzida de transporte público os moradores acabam por conhecer todos os motoristas e cobradores das linhas de ônibus que atendem o bairro. (Diário de Campo, 13/08/14, George)

Como os demais aparelhos urbanos precários do bairro, as vias são bastante estreitas e têm um fluxo baixo de trânsito de automóveis. Isso possibilita que as pessoas se desloquem pela pista.
Trata-se de um bairro periférico que ainda sofre com muitos estigmas, onde muitos ainda enxergam como local perigoso e ameaçador mas não, a realidade encontrada não se diferencia muitos dos bairros periféricos de Salvador, que sofrem com o descaso por muitas vezes das autoridades e convivem com problemas sociais.
Nesse ponto, o Bairro da Paz reflete um processo que pode ser verificado em diversas partes da cidade de Salvador: o crescimento da renda e do poder de consumo trouxe consigo um número muito grande de pequenos negócios que atendem às demandas cada vez mais crescentes. Pode-se perceber uma ampla gama de lojas que vendiam os mais diversos produtos como acessórios de celular, academia, oficinas, além dos já tradicionais “mercadinhos”, alguns de tamanho considerável.
Pelo horário, encontramos pessoas na rua realizando as mais diversas atividades: indo e voltando para o colégio, faculdade, tomando conta dos comércios, brincando, bebendo, conversando, trabalhando. Enfim, nos disse Miguel:
eu pude perceber que há uma vida muito intensa nos lugares que passei. O que contrastou com o início e o final do trajeto que fizemos, pois seria mais uma parte residencial, com as casas geralmente de luzes acesas e portas fechadas. Nessas duas partes o número de pessoas na rua era muito pequeno. (Diário de Campo, 13/08/14, Miguel)

Cabe salientar que nesse momento de fervor político, as melhorias urbanas como a requalificação de praças, drenagem de córregos, implementação de unidades sanitárias, melhorias habitacionais é nítida, por todos os lados são banners e carros de som dos candidatos, de fato algumas práticas políticas não mudam com o tempo.
Novamente na escola, pôde-se conhecer as instalações bastante amplas, bem ventiladas e de pouca poluição visual, bem como a acessibilidade plena para cadeirantes portadores de necessidades especiais em todos os pavimentos – detalhe curioso, pois, é incomum para escolas de periferia. 

Atividade do dia do estudante

Abdicando da intervenção preparada previamente, a equipe do PIBID voltou à escola após percorrer rapidamente o bairro, com o intuito de participar da atividade do dia do estudante:
Ao retornarmos à escola, comemos do mesmo lanche que os alunos e após a refeição, fomos para a aplicação da atividade; cada professor da escola ficou com uma turma e nesta turma ele deveria ajudar a turma a fazer um cartaz com os anseios, desejos e sonhos dos estudantes. (Diário de Campo, 13/08/14, Zósimo)


Nos bolsistas do PIBID ficamos divididos nas duas turmas que trabalhamos no CEMPA  - o 3ºNA e 3ºNB. Durante os 45 minutos de confecção dos cartazes, auxiliamos e ajudamos os estudantes, tanto na colagem quanto na elaboração das falas das apresentações que seriam feitas no auditório.
Faltava material, faltavam ideias, mas principalmente, faltava vontade. Uma das turmas chegou a se recusar a produzir o cartaz alegando que não houve um preparo para desenvolver uma atividade nesse sentido, junto com Thiago, acabamos nos envolvendo o máximo que podíamos, tudo para fazer com que as turmas com que trabalhamos não ficassem completamente apáticas.
Thiago correu a escola em busca de jornais e revistas para que se pudessem ser feitos recortes, na turma onde não pudemos encontrar material para trabalhar, sugerimos que a turma usa-se palavras chaves, como metas a serem alcançadas tendo como base as oportunidades que podem ser criadas através da educação. Após a confecção dos cartazes, direcionamo-nos ao auditório do CEMPA para as apresentações dos cartazes de todas as turmas do turno da noite.




A produção de cartazes se deu de forma satisfatória apesar dos poucos recursos, cada cartaz representou também um pouco da turma, as mais jovens com mais desenhos, as mais maduras com um rigor maior com cores mais cadenciadas. (Diário de Campo, 13/08/14, Priscila)

Em seguida os alunos assistiram a uma palestra e os grupos de hip-hop e a banda composta pelos alunos da escola também se apresentaram, de forma geral foi uma excelente iniciativa já que nas entrelinhas buscou-se dar evidência aos alunos e tira-los da zona de conforto propondo atividades diferentes que conseguem de fato mudar a rotina do local.


Trocando uma ideia

O Planejamento é algo fundamental à prática docente, sendo esta uma prática que demonstra o respeito do professor, enquanto profissional, para com o aluno. Muitas vezes, abdicamos de algumas questões pelo simples fato de receber ordens e não de que aquilo talvez tenha sido melhor.
Acho que falo por todos quando digo que a sensação foi frustrante, frustrante por mais uma vez percebermos que a educação é o potencial para modificar vidas, mas que para que essas modificações ocorram, é preciso de muita coisa, mas o elemento principal, VONTADE. (Diário de Campo, 13/08/14, George)

O C.E.M.P.A tem duas coisas boas, um material humano maravilhoso que quando estimulado produz com qualidade, e um núcleo do Pibid-Sociologia comprometido com essas pessoas, saímos do colégio por volta as 20:00 horas pois o “evento” continuaria no auditório principal da escola com as turmas reunidas e a apresentação dos “cartazes” que tinham sido produzidos minutos antes, voltamos no ônibus pensando e discutindo muitas coisas


* texto escrito de forma conjunta por Thiago Neri, George Hora, Priscila Menezes, Miguel Pereira, Moisés e Zósimo Ferreira